Nelson Mandela é um dos grandes exemplos da história contemporânea
Aos 71 anos, quando saiu da prisão, já era um nome
conhecido no mundo. Destacou-se
como líder de greves e chamados à desobediência civil.
A vida de Nelson Mandela é
um dos grandes exemplos da história contemporânea de visão, coragem e liderança.
Ele demorou mais de 50 anos para descobrir que sua maior arma era o sorriso.
Foi um sorridente Nelson Mandela que saiu da cadeia depois de 27 anos confinado
em uma ilha.
Sorrindo, depois de ter sido
injustamente condenado, isolado, perseguido e ter passado a maior parte da vida
adulta lutando contra um regime odioso, o do Apartheid, o da segregação e
discriminação racial na África do Sul, transformando negros em cidadãos de
segunda classe.
Aos 71, quando foi libertado da prisão,
Mandela já era um nome conhecido no mundo inteiro. Símbolo de prisioneiro de
consciência, embora tivesse aderido por algum tempo à
luta armada como gesto desesperado de combate ao Apartheid.
Sinônimo do engajamento político em um
país dominado por uma elite branca que se mantinha no poder pela violência.
Mandela nasceu numa pequena comunidade rural na província de Eastern Cape, em
1918, e teve uma educação privilegiada para os padrões locais.
Conseguiu formar-se como advogado e
atuou como dirigente da liga juvenil do Congresso Nacional Africano, mais
conhecido pela sigla em inglês ANC, organização fundada no começo do século XX
para lutar pela igualdade racial.
Mandela destacou-se como líder de greves
e chamados à desobediência civil como forma de combater o Apartheid,
oficialmente instaurado em 1948.
Na década de 50, foi sucessivamente
acusado pelas autoridades de ser um comunista. Ele sempre se descreveu como um
nacionalista e traidor nacional. Mandela foi um dos articuladores da carta do
ANC e sua famosa exigência de voto universal e fim dos privilégios para
brancos.
Na primeira vez em que foi julgado por
traição nacional, Mandela atuou na própria defesa e conseguiu ser absolvido,
mas passou a viver na clandestinidade, temendo nova prisão, e formou um grupo
para militar, engajado em atos de sabotagem, até ser novamente capturado quando
tentava voltar à África do Sul depois de uma temporada escondido no exterior.
Condenado à prisão perpétua na famosa
ilha de Robben, passou décadas limitado a uma carta de 500 palavras e duas
visitas de 40 minutos cada por mês de sua segunda esposa, Winnie, e duas
filhas.
Nos anos 80 o regime do Apartheid reagiu
a uma campanha internacional dizendo que soltaria Mandela se ele renunciasse à
violência. Mandela inicialmente recusou-se a fazê-lo, enquanto não existissem
direitos políticos iguais para os negros na África do Sul.
Mandela foi libertado em 1990, aos 71
anos de idade, quando o regime do Apartheid estava sendo desmontado. Ao sair da
prisão ele exibia um sorriso e falava de seu sonho de um país onde fosse
respeitada a dignidade de todas as pessoas, com paz, democracia e liberdade
para todos.
O seu credo político. A chave para um
entendimento que se julgava impossível. Da figura mais odiada pelos brancos e
pelo Apartheid, Mandela passou a ser a última esperança de um compromisso
político que superasse a profunda divisão do país.
Junto do último presidente branco da
África do Sul, F.W. de Klerk, Mandela recebeu em 1993 o Nobel da Paz pela integridade
pessoal e extraordinária coragem em negociar o estabelecimento de uma
democracia com os representantes do regime que o perseguiram e encarceraram por
quase a vida inteira.
Mandela foi facilmente eleito e virou um
herói de negros e brancos, um momento capturado com brilhantismo pelo filme
Invictus.
Sua presença, e daquele sorriso, eram
garantia de que a reconciliação, o entendimento, até mesmo o esquecimento
tinham um propósito claro e tangível: a construção de uma sociedade mais
igualitária e justa.
Mandela parecia satisfeito quando
entregou o poder em 1999, depois de apenas um período na presidência do país,
fato raro na África. De lá para cá, continuou irradiando aquela suave certeza e
aquele encantador sorriso que viraram símbolos de reconciliação, harmonia e
entendimento.
De que diferenças econômicas, políticas
brutais e privilégios arraigados podiam ser superados por homens de boa
vontade, princípios, e dedicação.
A África do Sul continua um país
desigual, assolado por violência, corrupção, e uma nova classe de políticos
interessados apenas em permanecer no poder. Até morrer, Mandela deixou de
interferir no cotidiano político.
Na sua última aparição pública, na Copa
do Mundo de 2010, frágil e adoentado, já mal podia se expressar. Preferiu exibir
aquele sorriso, como se fosse uma dádiva divina.
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